Por Rodrigo Cordoeiro
Miguel Portela de Morais, de 47 anos, é um histórico do râguebi nacional, com 67 internacionalizações e presença no mítico jogo de Portugal contra os All Blacks no Mundial de França de 2007. Finda a sua carreira com a bola oval, voltou a praticar golfe, modalidade em que se destacara enquanto juvenil fazendo mesmo parte da selecção de sub-14. Desde então, tornou-se uma referência no Expresso BPI Golf Cup
Em 2021, desta vez tendo como companheiros de equipa António Moura Portugal, Alexandre Castelo e Fernando Vaz, elejuntou-se ao ilustre e restrito lote de jogadores com dois títulos (nunca ninguém ainda venceu três vezes) no maior evento desportivo corporate do país. Tinha já vencido em 2012, pela Allianz, então com a irmã Mariana, Tiago Almeida e Tiago Costa.
“O primeiro foi mais uma surpresa, na altura estava a dar os primeiros passos no Expresso BPI. “Este aqui custou mais, veio na sequência de várias presenças nas finais, de muitas alegrias e desilusões. Mas é sempre um orgulho vencer o melhor torneio do golfe amador nacional”, compara o capitão da equipa e administrador da Moragri, empresa ligada aos sectores agrícola (vinicultura, olivicultura) e florestal (cortiça e pinhal), com várias explorações no Alentejo.
A Moragri saiu no topo entre as 311 equipas e os mais de 1300 jogadores que participaram na edição que antecede as bodas de prata – os 25 anos – da marca mais conhecida do golfe em Portugal. Constituída por três advogados e um professor de Educação Física (Fernando Vaz), a nova campeã nacional de empresas apresentou argumentos inatacáveis vencendo todas as etapas até erguer o ambicionado troféu da Vista Alegre.
Primeiro, ganhou as qualificações do Algarve, uma das nove regiões em jogo; depois, a final nacional Açores, na Terceira; e a fechar, em Dezembro, a finalíssima, no championship course do Troia Golf, numa última fase que contou ainda com nortenha Equipleva (equipamentos de acesso, elevação e movimentação) e as açorianas GS Lines (transportes marítimos) e EDA (Electricidade dos Açores).
Em 2020, o Colégio dos Plátanos (em Sintra, jogando na região de Lisboa) escreveu uma das belas páginas do Expresso BPI sagrando-se finalmente campeão ao fim de quatro presenças consecutivas na finalíssima. Um ano depois, em meados de Dezembro, Portela de Morais e Moura Portugal traçaram uma história parecida vencendo na sequência de quatro participações seguidas na final nacional Açores, eles que estão entre os maiores fãs do Expresso BPI.
Trata-se do único torneio nacional por equipas de quatro jogadores, sendo jogado na modalidade de texas scramble modificado. Num desporto em que as pessoas estão habituadas a que seja cada um por si, o team building é um aliciante extra. No fundo, é uma oportunidade para juntar colaboradores das empresas, convidados e amigos fora do seu ambiente normal de trabalho, num contexto competitivo descontraído.
“É o melhor torneio nacional amador – o mais bem organizado e o mais divertido. Esperamos por ele como se fosse a nossa própria Ryder Cup”, justifica Portela de Morais. Moura Portugal lembra o formato de jogo entusiasmante, a camaradagem entre todos os jogadores e o nível da organização: “Somos tratados com uns mimos e com detalhes que fazem a diferença e que levam à fidelização. Mas acho que não somos só nós – todos lhe nutrem um carinho especial.”
Estratégia e táctica são factores importantes a ter a conta, e, quando questionados sobre o segredo do seu sucesso, os jogadores da Moragri respondem com a combinação de dois jogadores que batem a bola bastante longe – Portela de Morais e Castelo – com outros dois que, sendo mais curtos, são mais consistentes –Moura Portugal e Vaz.
Isso e a amizade e a boa disposição que os une. “Jogando com amigos, é muito fácil, não se faz cerimónia: quando é preciso abraçamo-nos e quando é preciso insultamo-nos, mas avançamos e no buraco seguinte está tudo óptimo”, acrescenta Moura Portugal. Ele e os seus companheiros são unânimes: este foi o ponto mais alto das suas carreiras golfísticas. Não é um capítulo encerrado: para 2022, têm a motivação adicional de defenderem o ceptro.