Com António Moura Portugal, Miguel Portela de Morais, Alexandre Castelo e Fernando Vaz, a Moragri revalidou o título no Expresso BPI Golf Cup e tornou-se a terceira empresa a sagrar-se bicampeã nacional de empresas, emulando neste capítulo a Everyday Sports (2001-2022) e o BPI Açores (2007-2008). Nenhuma outra tem múltiplas vitórias no maior torneio do golfe amador português em 25 edições.
Depois das Qualificações Regionais, Finais Regionais e Final Nacional Açores, a Finalíssima Açores relativa à época de 2022 (a das bodas de prata do torneio) – que contou ainda com as açorianas MAN. S. Miguel, Tecnovia e a nortenha Grupo Fisacar – jogou-se no texas scramble modificado de sempre, mas em match play adaptado, em partidas de seis buracos, sendo atribuído um ponto por cada buraco ganho e meio ponto por empate. Os dois pares de cada equipa defrontaram todos os outros pares concorrentes num total de 24 encontros (12 no sábado, 12 no domingo). Cada dupla fez, portanto, seis jogos.
Apesar de estarem nada menos do que 144 pontos em jogo, o equilíbrio foi, uma vez mais, a nota dominante. Ligada aos sectores agrícola (vinicultura, olivicultura) e florestal (cortiça e pinhal), a Moragri, apurada pela região de Lisboa, ergueu o icónico troféu Vista Alegre do Expresso BPI somando 40 pontos, apenas mais 1,5 do que a MAN S. Miguel (38,5). A Tecnovia foi terceira com 36,5 e o Grupo Fisacar quarto com 29.
“Se na última edição tínhamos feito uma prestação de certa forma dominadora, sobretudo a partir do segundo dia, nesta foi o triunfo da raça”, afirma o capitão da Moragri, António Moura Portugal. “Aquilo que nós achávamos que era o nosso grande trunfo, que é o foco no jogo e o espírito competitivo, ficou muito visível nestes dois dias”, acrescentou.
As condições climatéricas não estiveram fáceis, o vento soprou forte no segundo dia, o campo é muito exigente e mais difícil ficou com um setup puxadinho, digno de uma Finalíssima. Acabou por vir ao de cima a experiência na alta competição não só do capitão como do seu parceiro Miguel Portela de Morais. O primeiro foi múltiplo campeão nacional de natação e jogou na primeira divisão de basquetebol. O segundo representou a selecção nacional de golfe em juvenis e é uma referência do râguebi português, com 63 internacionalizações nos seniores. Este tornou-se aliás o primeiro jogador a vencer três vezes o Expresso BPI, já que havia ganho também em 2012, pela Allianz.
“Foi uma vitória dura, de cerrar os dentes. Mantivemo-nos à tona, nunca baixámos os braços, lutámos até ao fim e só no último match decidimos o desfecho a nosso favor”, confirma Portela de Morais. Sobre o ter-se tornado o primeiro na história da prova a fazer um hat-trick, disse: “O melhor de sempre não diria que sou, mas pelo menos fui o que ganhei mais vezes, esse é um dado objectivo. De resto, obviamente, com um sentimento de orgulho e alegria.”
A completar o quarteto da Moragri, Alexandre Castelo e Fernando Vaz foram o par mais valioso desta Finalíssima Açores, conquistando um máximo de 22 pontos. “Da primeira vez foi um bocado surpresa, agora a experiência esteve do nosso lado, sentimos isso perfeitamente, em termos de jogo, estávamos muito mais tranquilos, mas foi mais difícil, porque duas das equipas concorrentes jogavam em casa e a meteorologia não ajudou”, avalia Fernando Vaz.
Alexandre Castelo: “O Fernando e eu estávamos, como costumamos dizer na gíria do golfe, com a mão quente. Com vento e com chuva, estivemos sempre ali a jogar lindamente, cruzámo-nos bem, praticámos o nosso melhor golfe e a combinação desses factores todos fez com que conseguíssemos revalidar o título e ser bicampeões nacionais.”
Em relação à MAN S. Miguel, é caso para dizer que morreu na praia, já que liderava para o último match com um ponto de vantagem sobre a Moragri. “Estivemos na luta até aos últimos buracos da competição, como tal só posso estar muito satisfeito com a minha equipa”, afirmou Eduardo Faria.
Pela Tecnovia, há que assinalar o excelente desempenho de Luís Eleutério e Carlos Comédias, que foram o segundo melhor par em competição, com 21,5 pontos averbados. Mas José e Alberto Machado, que haviam sido a melhor dupla net na Final Nacional Açores, ficaram aquém do que se esperava deles. É disto que se trata no Expresso BPI, de complementaridade colectiva – ou da falta dela.
Deixando-se ficar para trás logo no primeiro dia, numa jornada inaugural em que as três primeiras equipas estavam separadas por apenas meio ponto, o Grupo Fisacar nunca chegou a entrar na equação do título.
POR RODRIGO CORDOEIRO
FOTOGRAFIA POR FILIPE GUERRA